“É bom estarmos aqui! E vamos sentir-nos ainda melhor aqui!”
Karen Bueno – Nosso Pai e Fundador segura a coroa e o cetro em suas mãos, ele para diante do altar do Santuário e, por cerca de 20 minutos, reza espontaneamente uma prece de gratidão, de louvor e com múltiplos pedidos à Mãe de Deus. Você consegue imaginar essa cena?
Ela aconteceu há 75 anos e ainda hoje podemos ouvir algumas pessoas que participaram desse momento nos contando como foi. Mas, pensando nessa cena, podemos dizer que foi algo somente lá de trás, do passado? Um episódio que é contado de pessoa a pessoa, apenas como um momento bonito e marcante que já foi? Bem, já descobrimos que não. Sabemos que essa coroação é um presente e uma missão para todos nós hoje, aqui e agora.
E, além disso, podemos dizer que é também uma missão para aqueles que virão no futuro?
Nas últimas palavras da oração, nosso Pai e Fundador responde essa questão, fazendo um pedido à Mãe: “Pedimos-te novamente que aceites a coroa como expressão do pedido: cuida que todos os filhos de Schoenstatt recebam e conservem, até o fim dos tempos, a graça da filialidade heroica e, com ela, a garantia do elemento essencial de nossa espiritualidade”. [1]
Não importa quando e onde nascemos, não importa nossa história de vida ou situação atual. A coroação da Rainha da Filialidade Heroica é uma missão, é um legado para cada filho de Schoenstatt, até o fim dos tempos.
O que isso quer dizer?
Não podemos dimensionar o ardor que reinava no coração do Fundador e da Família de Schoenstatt ao entregar a coroa e o cetro. Mas sabemos que esse ardor se estendeu ao longo dos anos e chegou até nós. Graças à vivência da filialidade heroica por muitas pessoas, hoje podemos ver Schoenstatt espalhado em todo o país. Muitos assumiram essa missão e abriram as portas para a Mãe, como podemos ver especialmente na vida do Diác. João Luiz Pozzobon. Graças a esse ardor, hoje as bênçãos da Mãe e Rainha se derramam em nossa vida e na vida de tantas famílias pelo mundo.
É pela filialidade heroica da geração passada que hoje recebemos tantos presentes de amor. O que seria do mundo se um filho heroico não tivesse caminhado 140 mil quilômetros com a Mãe? “Depois que começaram as cruzes de que estamos falando – disse-nos certa vez o Sr. João Pozzobon – me transformei numa criança espiritual”. [2]
E o futuro, como continua? O pedido do Pai e Fundador à Mãe – “Que todos os filhos de Schoenstatt recebam e conservem, até o fim dos tempos, a graça da filialidade heroica” – se cumpre por meio de nós. A Mãe somente poderá responder ao anseio do Pe. Kentenich se nós permitirmos que ela seja nossa educadora. Será graças à nossa filialidade heroica que as gerações futuras poderão experimentar essa corrente de graças: “Eu me santifico por eles” (Jo 17, 19).
As sementes do amanhã são plantadas hoje:
“Que as gerações futuras nos julguem” [3].
Certamente se tivermos a mesma fidelidade e ousadia de João Pozzobon, Ir. M. Emanuele Seyfried, Ir. M. Teresinha Gobbo e tantos filhos de Schoenstatt que viveram a corrente do ideal Tabor desde a sua origem no Brasil, o mundo será renovado.
A renovação do mundo só é possível por meio de filhos heroicos. A nova terra mariana depende de sermos filhos diante de Deus, filhos desprendidos de si mesmos que em tudo procuram causar alegria ao Pai.
“És tu quem assume a responsabilidade pelo amor fraterno, pelo crescimento do amor. Tu vais cuidar e deves cuidar que cresçamos em profundidade e representemos um estado ideal. Tu vais cuidar e deves cuidar que aumentem nossas fileiras e nos tornemos numerosos como a areia do mar. […]
Podes desapegar-nos de toda a concupiscência do poder, da honra e do eu. Sentimos que, sem este múltiplo desprendimento, nunca poderemos alcançar o grau de amor filial que tu, Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt, previste para nós, desde a eternidade e para a eternidade, segundo os planos da Sabedoria divina”.
Referências
[1] Oração de Coroação da Rainha da Filialidade Heroica, Pe. José Kentenich, Santa Maria/RS, 20.19.1949. Disponível em: schoenstatt.org.br
[2] URIBURU, Esteban J. Heroi Hoje, não Amanhã. Editado pelo Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt, Santa Maria/RS, 1991.
[3] Trecho do Documento de Fundação de Schoenstatt, Pe. José Kentenich, 18.10.1914