Cultura do encontro é cultura da Aliança
Karen Bueno/Ir. M. Nilza P. da Silva – O Santo Padre, Papa Francisco aconselha aos sacerdotes, e também a todos os cristãos, que se coloquem a serviço: “Não podemos ficar enclaustrados em nossa casa, em nossa paróquia. Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta a fora para procurar e encontrar. Devemos sair, somos enviados! Temos que sair pela porta para buscar e encontrar as pessoas”1.
Um exemplo nítido e claro de personalidade sacerdotal que vai ao encontro, que deixa a si mesmo de lado pelos demais, é nosso Fundador, o Pe. José Kentenich. Ele fez de sua vida uma doação total para que o plano de Deus se realizasse, saindo em busca de muitos corações, fazendo da cultura da Aliança uma cultura de encontro.
A serviço de Deus e das almas
Pe. Engelbert Monnerjahn narra: “Pode se perceber que o Pe. Kentenich considerava sua ordenação sacerdotal como uma doação de si mesmo para tornar-se propriedade de Deus, para o serviço exclusivo a Deus e às almas, de uma observação que ele fez, no dia de sua primeira missa, a um amigo de juventude de Gymnich: ‘De agora em diante, esquece-me’. Não queria ser senão um instrumento nas mãos de Deus para a realização dos desígnios divinos de salvação[1]”.
Desde que recebeu o sacramento da Ordem, sua vida deixou, definitivamente, de ser sua para tornar-se totalmente de Deus, colocando-se em estado permanente de missão. “O verdadeiro amor impele à ação”, afirma o Pai e Fundador, e é esse amor verdadeiro que o torna presente a todos que lhe procuram. Um jovem escreve: “Eu era estudante e fui convidado para visitar o Pe. Kentenich. Embora ele tivesse muito trabalho, quase todas as manhãs saíamos juntos a passear. Ele simplesmente ouvia. Durante horas . E eu podia contar e contar. Eu sentia que aí alguém me escutava, como nunca na minha vida alguém me escutou. O mundo parecia ficar muito longe, só nós existíamos: ele e eu. Eu tinha ‘direito de cidadania’ no seu coração[2]”.
Sacerdotal desde a infância e sacerdote para sempre
Toda a vida do Pai e Fundador de Schoenstatt, desde sua infância, é um preparar para a missão que Deus sonhou para sua história. Na oração escrita ainda como criança, encontra-se o anseio do Pe. Kentenich de se colocar em saída: “[…] dá-me almas, e tudo o mais toma para ti”.
Aos 12 anos, no dia da Primeira Comunhão, Pe. Kentenich revela à sua mãe que deseja ser sacerdote. Pela situação da época, Catarina Kentenich não vê nenhuma possibilidade disso acontecer. Contudo, o menino não desiste. Um poema – o primeiro testemunho autobiográfico que a Família de Schoenstatt possui – reflete a luta interior do Fundador para seguir sua vocação: “Ó Senhor, a ti me encomendo agora! Guia a disposição de minha mãe, que eu não quero afligir, para que ela me deixe um sacerdote vir a ser. Deixa-me antes morrer, do que não seguir teu chamado e escolher a vocação para a qual, ó Senhor, tu me criaste. Eu ouço como tu, ó Deus, me chamas”.
O anseio do menino de seguir o chamado de Deus é maior que os empecilhos da época. Aos 14 anos ele ingressa no Seminário Menor dos Palotinos, e escreve, como justificativa, no pedido de admissão: “Gostaria de trabalhar pela conversão dos pagãos”. A intenção do Fundador de Schoenstatt, desde sempre, é tornar-se missionário, o que ele concretiza na fundação de sua Obra.
“Tu és sacerdote para sempre” (Sl 109, 4).
No céu o Pe. José Kentenich continua sendo sacerdote e Pai para muitos. Pe. Clemente Maria Hernandez conta: “Creio que, se não tivesse conhecido o Pe. Kentenich, nunca teria me tornado sacerdote. Foi o encontro providencial com ele que me levou a tomar a sério a minha vocação sacerdotal. Na sua pessoa encontrei o ideal do sacerdote que sempre ansiara durante os meus anos de seminário: um homem profundamente ancorado em Deus, capaz de responder à problemática do mundo atual”.
É justamente por ser um sacerdote em saída que o Pai e Fundador continua sua missão junto aos filhos espirituais. “Quem me busca me encontra sempre no Santuário e no coração de Maria”, afirma. Seu exemplo de amor e fidelidade à Igreja e a personalidade autêntica permanecem como um modelo para muitos sacerdotes e vocacionados.
“A graça de Deus necessita somente de uma única pessoa para realizar grandes coisas na Igreja e no mundo”, disse o Papa Francisco sobre o Pai e Fundador. A frase revela a grandeza da graça de Deus, que é capaz de operar maravilhas no mundo, como fez por meio do Pe. Kentenich. Cada ser humano também pode tornar-se um canal das graças do Pai, basta que esteja aberto, se coloque como instrumento e, mais ainda, que seja uma “Igreja em saída”, como foi o Pai o Fundador.
As contribuições ao Capital de Graças são uma forma de constantemente ir ao encontro de quem necessita e viver nosso sacerdócio batismal. Com isso, todas as obras do dia são consagradas, no Santuário, e se revertem em graças para todo aquele que necessita, não importa o lugar em que se encontre.
Esse dia da ordenação sacerdotal de nosso Fundador é uma abençoada ocasião para agradecer sua vida sacerdotal em saída e rever como estamos vivendo nosso sacerdócio batismal. Sejamos Schoenstatt em saída, para que se faça um mundo novo, uma cultura da Aliança.
1 discurso aos bispos, padres e diáconos reunidos no Rio de Janeiro/RJ no dia 27 de julho de 2013
[1] MONNERJAHN, Engelbert. Pe. José Kentenich: Uma vida pela Igreja. Editora Pallotti. Santa Maria/RS: 1977. 1ª Edição, pág 46.
[2] RIECHEL, Lioba; DOLD, Uirike. Anseio de viver. Edição Portuguesa, 2009. Pág 11.
4 Comentários