Ir. M. Nilza P. da Silva – Hoje, 12 de setembro, a Igreja celebra uma festa mariana que nem todos conhecem: Festa do Santo Nome de Maria. O seu início oficial vem do ano de 1683, quando o Papa Inocêncio XI a instituiu em gratidão por uma vitória em uma batalha contra os inimigos da Igreja. Embora o exército romano fosse bem menor e com poucas chances, enfrentaram o inimigo confiando no nome de Maria e ela assegurou a salvação da Igreja.
Quando Lucas começa a narrar a encarnação de Deus, o anúncio do anjo, ele identifica a escolhida para ser Mãe do Filho de Deus: “E o nome da Virgem era Maria.” (Lc. 1, 27) O nome personaliza, dá a identidade para uma pessoa, diferencia-a de todas as outras pessoas.
O amor de Deus para conosco é um amor pessoal. Deus não ama somente todos os seus filhos, mas ele ama a cada um. Lemos em Isaías 43,2: “Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.” Cada um de nós é único, é amado em sua estrutura original, conhecido pessoalmente, aceito e acolhido por Deus Pai. Ele não se desilude conosco, porque também não se ilude: ele nos conhece exatamente como somos, por dentro e por fora. Ele nos chama pelo nome, isto é: sabe exatamente como somos. “O Senhor chamou-me desde meu nascimento; ainda no seio de minha mãe, ele pronunciou meu nome. Eis que estás gravada na palma de minhas mãos.” (Isaías, 49, 1;16)
Peçamos a Maria que nos ajude a educar-nos como homens novos, personalidades autênticas, segundo o ideal pessoal que Deus concedeu a cada um. Que Ela nos ajude a amar a Deus sobre todas as coisas, “não tomar o seu nome em vão”.
Para isso, rezemos, com o Pe. José Kentenich:
“Querida Mãe de Deus, o teu nome é muito pouco pronunciado na vida pública e, até na própria Igreja; é muito pouco amado e, muitas vezes, até desconsiderado e conscientemente rejeitado. Por isso, a partir de teu Santuário Ele deve ser proclamado com maior vigor reconhecido com fé ainda maior, pronunciado com mais confiança e alegria e mais intimamente amado. Em nossos Santuários no mundo inteiro, será despertado por ti, querida Mãe, o novo cristão e a nova sociedade cristã.” (Livro: Orações à Mãe de Deus)
Uma reflexão do Papa Francisco
Maria!
«Eu te chamei pelo teu nome» (Is 43, 1). O primeiro motivo para não temer é precisamente o fato de Deus nos chamar pelo nome. O anjo, mensageiro de Deus, chamou Maria pelo nome. Dar nomes é próprio de Deus. Na obra da criação, Ele chama à existência cada criatura com o seu nome. Por trás do nome, há uma identidade, aquilo que é único em cada coisa, em cada pessoa, aquela essência íntima que só Deus conhece profundamente. Depois, esta prerrogativa divina foi partilhada com o homem, a quem Deus concedeu dar um nome aos animais, às aves e até aos próprios filhos (cf. Gn 2, 19-21; 4, 1). Muitas culturas compartilham esta profunda visão bíblica, reconhecendo no nome a revelação do mistério mais profundo de uma vida, o significado de uma existência.
Quando chama pelo nome uma pessoa, Deus revela-lhe ao mesmo tempo a sua vocação, o seu projeto de santidade e de bem pelo qual essa pessoa será um dom para os outros e se tornará única. E mesmo quando o Senhor quer ampliar os horizontes de uma vida, decide dar à pessoa chamada um novo nome, como faz com Simão, chamando-o «Pedro». Daqui veio o uso de adotar um nome novo quando se entra numa Ordem Religiosa, para indicar uma nova identidade e uma nova missão. O chamado divino, enquanto pessoal e único, exige a coragem de nos desvincularmos da pressão homogeneizadora dos lugares-comuns, para que a nossa vida seja verdadeiramente um dom original e irrepetível para Deus, para a Igreja e para os outros.
Assim, ser chamados pelo nome é um sinal da nossa grande dignidade aos olhos de Deus, da sua predileção por nós. E Deus chama cada um de vós pelo nome. Vós sois o «tu» de Deus, preciosos a seus olhos, dignos de estima e amados (cf. Is 43, 4). Acolhei com alegria este diálogo que Deus vos propõe, este apelo que vos dirige, chamando-vos pelo nome.
Mensagem do Papa Francisco para a XXXIII Jornada Mundial da Juventude, 25 de março de 2018