Continuando a nossa série de estudos sobre os sacramentos da Igreja Católica, hoje falaremos sobre o sacramento da confirmação ou crisma.
O sacramento da confirmação, junto com o batismo e a eucaristia, constitui o que chamamos de sacramentos da iniciação cristã. Assim, é importante saber que ele não é apenas um rito que se faz normalmente na época da adolescência, mas é fundamental para a consumação da graça recebida no batismo.
“Pelo sacramento da Confirmação [os fiéis] são vinculados mais perfeitamente à Igreja, enriquecidos de força especial do Espírito Santo, e assim mais estritamente obrigados à fé que, como verdadeiras testemunhas de Cristo, devem difundir e defender tanto com palavras como com obras.” (CIC1285)
O significado desse sacramento
Utilizamos também a palavra crisma para esse sacramento, pois crismar significa ungir, e a unção com óleo de oliveira é parte essencial desse sacramento, como veremos. E confirmação se refere ao fato de que o crismando confirma e reforça o seu Batismo e as graças recebidas naquele momento.
Com o sacramento da Confirmação, o crismando se decide mais uma vez por Cristo, se tornando um verdadeiro “soldado” que vai lutar, através de suas palavras e obras, pelo Reino de Deus. Ele reafirma sua fé e renova os compromissos assumidos em seu Batismo. E para ajudar nessa missão, ele recebe especialmente o Espírito Santo, com seus dons e seus frutos. Suellen Figueiredo conta como vivenciou o sacramento da confirmação:
“O sacramento da Crisma foi um divisor de aguas para minha vida cristã. A minha postura diante da minha fé mudou, eu realmente pude sentir que era a minha responsabilidade e não mais dos meus pais. Até hoje recordo com muito carinho deste dia. Quando entrei em Schoenstatt, pude vivenciar com muito mais seriedade e compromisso minha vida de Aliança e tenho certeza que é uma graça que recebi na minha Crisma.”
A Confirmação nas Sagradas Escrituras
Desde o Antigo Testamento os profetas anunciaram que o Espírito do Senhor estaria com o Messias. No Batismo de Jesus, o Espírito Santo desceu sobre a forma de uma pomba e confirmou que Jesus era o Salvador esperado. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo no seio virginal de Maria e toda sua vida e missão se realizaram em comunhão com o Espírito Santo e o Pai. (CIC 1286)
Mas esse Espírito deveria ser comunicado a todos aqueles que viessem a crer. Jesus várias vezes prometeu a efusão do Espírito Santo. Ele inclusive justificou sua volta a casa do Pai para que o Espírito Santo pudesse vir sobre os apóstolos, o que aconteceu plenamente no dia de Pentecostes.
Depois, os apóstolos, para cumprir a vontade de Cristo, comunicaram o Espírito Santo aos novos cristãos que já haviam sido batizados, através da imposição das mãos: “Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. Então, os dois apóstolos lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo”. (At 8,15-17)
“A imposição das mãos é com razão reconhecida pela tradição católica como a origem do Sacramento da Confirmação que perpetua, de certo modo, na Igreja, a graça de Pentecostes” (CIC 1288)
Palavras do Papa Francisco[1]
Trata-se de uma “data importantíssima” (o Batismo), porque nascemos para vida cristã, para a vida em Jesus, que dura para sempre, é eterna! Depois, se entra na grande família da Igreja e se recebe a maior herança que existe: o paraíso! Com a Crisma, tudo isto é confirmado, ou seja, se torna mais forte, graças ao Espírito Santo e à própria Igreja, que nos confia a tarefa de anunciar Jesus e o seu Evangelho. A quem recebe o sacramento, cabe a tarefa de vivê-lo como uma missão, como protagonistas e não expectadores. (…) “Então, jovens, enquanto se aproxima o dia da Crisma, proponho que também vocês façam assim. Vão até Jesus, encontrem-No, para depois dizer a todos que é belo estar com Ele, porque nos ama e nos espera sempre!
Palavras do Pe. Kentenich
Hoje dir-se-ão vocês, que os sacramentos, que imprimem caráter indelével, nos concedem gradualmente uma participação na missão divina de Cristo, especialmente na sua missão sacerdotal divina. Assim dizemos com razão: O Batismo tem de ser compreendido como a consagração comum do cristão. E a Confirmação? Ela tem de ser compreendida como a consagração do militante. E a Ordem? Como a consagração do guia. Mas já pela Confirmação tomamos parte, também no plano do ser, na condição de guia desempenhado por Cristo. Por isso nós pelo ser nos incorporamos na sua corrente missão divina, e falamos de participação na tríplice missão. De modo subordinado, mas também real, toda a pessoa que recebe a confirmação, participa nisto misteriosamente. Este é o sentido profundo da Confirmação.[2]
No próximo artigo, falaremos sobre os efeitos da Confirmação e quem pode recebê-la e ministra-la.
[1] https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2024-01/papa-francisco-crismandos-bari-carlo-acutis.html
[2] Sua Missão, Nossa Missão
*Flávia e seu esposo Luciano são membros da União de Famílias de Schoenstatt