Pe. Kentenich era professor de Latim e diretor espiritual de um grupo de jovens. Durante toda sua vida foi “aluno” de Maria, a Mãe e Educadora da Aliança
Jussara Beatriz Silva – Sou membro da Liga Apostólica Feminina de Schoenstatt de Porto Alegre/RS e professora aposentada. No exercício de minha profissão, eu recebi uma turma de segundo ano com idade entre 8 e 14 anos. Esses alunos não sabiam ler, vinham de muitas reprovações e eram deficientes em bons hábitos e atitudes.
Certo dia, conversando com uma amiga, ela me ofereceu uma novena pela beatificação do Pe. José Kentenich. Fiquei muito feliz, pois logo vi a estampa de Nossa Senhora e sempre fui muito devota de Maria. Ao chegar em casa vi que do outro lado havia a foto de um “sacerdote barbudo” e, ao começar a fazer a novena, entendi que o sacerdote havia selado uma Aliança de Amor no Santuário de Schoenstatt. Isso me deixou muito curiosa. Continuei rezando com fé pelos meus alunos e levava a novena todos os dias para a aula e a deixava aberta sobre a mesa, com as estampas à mostra. Este hábito criou curiosidade nos alunos e comecei a contar sobre Nossa Senhora e seu Divino Filho.
A “pior turma” torna-se irreconhecível
O trabalho pedagógico desenvolveu-se com muitas orações, cantos e contos falados e escritos, com eles. O tempo foi passando, a turma foi melhorando começou a ficar mais dócil, mais unida, mais parceira da professora e muitos começaram a ler e escrever.
A mudança foi tão radical em atitudes que minhas colegas e a diretora já não mais reconheciam a pior turma da escola.
Quando comentei sobre a mudança de minha turma à amiga que havia me presenteado a novena, ela contou-me sobre a fecunda atuação pedagógica do Pe. Kentenich. Relatou-me que ele havia exercido, em uma turma difícil, a formação da personalidade com muito amor, respeito e compreensão, por meio de uma pedagogia Mariana. Foi assim que me dei conta do quanto ele havia ajudado em minha própria turma.
Nossa Senhora tornou-se Mãe e Educadora de cada um
Uma tarde, passeando pela Zona Sul de Porto Alegre/RS, vi uma placa de trânsito informando o Santuário de Schoenstatt. Chegando lá conheci um pequeno e lindo céu na terra. Uma Irmã nos explicou sobre o Santuário e nos convidou para participar de um grupo de preparação para a Aliança de Amor – aquela que falava na novena.
Junto ao Santuário, adquiri uma imagem da Mãe Peregrina para minha turma, postais de Nossa Senhora para cada aluno e para mim um postal do Pe. Kentenich dando a benção, afinal, eu já estava encantada com ele.
No final do ano, somente 3, de uma turma de 20, não aprenderam a ler e a escrever, tinham problemas mais sérios.
Fiquei muito agradecida e confiante na intercessão do Pe. Kentenich por aquelas crianças, Nossa Senhora havia passado a ser a Mãe Educadora de cada um.
Quanto a mim, selei a Aliança de Amor.
A Irmã que nos preparou me deixou muito motivada a conhecer a santa vida deste professor que educou alunos santos, que se tornaram instrumentos aptos para fundar o Movimento de Schoenstatt.
Aos poucos fui descobrindo que o Pai e Fundador não pregava nada que ele mesmo não houvesse vivido. Encantei-me com a vida de confiança na Divina Providência e como ele prezava a filialidade e a educação para a santidade da vida diária. Quero, como ele, nunca desmoronar ou deixar quebrar minha própria personalidade.
Como professora, aprendi com o Pai e Fundador que:
1. Extraordinária capacidade intelectual nem sempre é sinônimo de maturidade;
2. Um terno e profundo amor à Maria mantém a alma, de algum modo, em equilíbrio;
3. O verdadeiro educador também se dedica ao coração e à alma irradiando paternidade, bondade e afeto, compreendendo as fraquezas humanas e as angústias interiores;
4. Nós mulheres, pequenas Marias, somos figuras necessárias à missão do equilíbrio nas comunidades;
5. As aulas devem ser preparadas com zelo, objetivando conhecimentos paralelamente ao desenvolvimento de atitudes do bem viver e à autoeducação;
6. Na sala de aula o clima de confiança mútua facilita a aprendizagem dos alunos e do educador;
7. Cada aluno é importante no seu crescimento individual e não há prediletos;
8. O verdadeiro educador é convicto de seu caminho pedagógico, encontra segurança em si e em Deus e, quando em dificuldades, primeiro reza e pede conselho;
9. Na adversidade com colegas convém não entrar em discussões inúteis, criticar e contradizer o mínimo possível, mas também não se deixar encurralar em uma posição de autodefesa;
10. Um educador não teme a confrontação, mas visa, antes de tudo, capacitar seus alunos para um juízo autônomo no diálogo;
Parafraseando nosso Pai, um educador é entusiasmado, missionário da fé e do amor. Renuncia o estilo tempestuoso e ameaçador, servindo-se de imagens singelas e de fácil compreensão para favorecer o crescimento pessoal e da autonomia moral até a descoberta da autoeducação.
O Pe. Kentenich descia até os alunos, mas de forma a permanecer sempre acima deles como um educador, ou seja, havia alegria e respeito mútuo na comunicação, numa atitude humana e natural na abordagem.
Então, neste dia dedicado aos professores, eu afirmo que o Pe. Kentenich, meu Pai, é um grande educador que intercedeu pela libertação de jovens do estigma social da incapacidade de conviver.
Parabéns querido colega e quando em dificuldade reza com confiança a oração pela beatificação do Pe. José Kentenich. Ele te ajudará intercedendo junto a Deus e à Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt, alcançando a graça que necessitas.
* Texto baseado na vivência profissional de Jussara Beatriz Silva, da Liga Apostólica Feminina de Schoenstatt de Porto Alegre/RS, e no livro “José Kentenich – Uma Vida à Beira do Vulcão”.
Texto publicado em 2020
Depois de ter lido este texto, tive o prazer de conhecer um pouco da vida do Pe Kentenich, principalmente a devoção, por Nossa Senhora, que em sua vivência, ou trajetória, como professor foi, e sempre será, a grande Educadora da Aliança. Pra mim como consagrada a Nossa Senhora recentemente, foi como uma luz, ou seja uma confirmação de perseverar até o fim da minha vida