Neste ‘Dia de Finados’, destacamos hoje duas mensagens que o Pe. José Kentenich dá sobre a hora da morte:
– É o momento mais importante da vida, que deveria nos alegrar pelo encontro com Deus;
– Precisamos rezar e nos preparar para esse momento.
Veja a reflexão do Fundador de Schoenstatt:
Recondução ao lar, regresso ao lar. Vendo assim as coisas, a hora da morte, afinal, não é o pior. Em certo sentido, deveria alegrar-nos. O bom Deus alcançou os objetivos que tinha comigo aqui na terra, agora me agarra e me leva para o céu. A visão verdadeiramente cristã é esta. Por um lado, alegramo-nos quando chega a hora de partir para a eternidade, mas é óbvio que, do ponto de vista humano, é difícil.
Em Dachau diziam-nos muitas vezes, brincando: “Vocês, padres, são cômicos celestes!”.
O que queriam dizer? “Todos vocês querem ir para o céu, mas quando queremos ajudar-vos, defendem-se!”Talvez todos sejamos (realmente) cômicos celestes: queremos ir para o céu, mas quando chega a hora (dizemos): não, não, tudo menos isso! [1]
O momento mais importante
De modo geral nós, católicos de hoje, desaprendemos de pensar na hora da morte. Não esqueçam que a hora da morte é decisiva por toda a eternidade, que é o momento mais importante da nossa vida.
Suponham que estão no leito de morte e olham a vida passada. Receberam uma quantidade imensa de graças e muitas motivações interiores. Que fizeram delas? Não as aproveitaram, é como se tivessem jogado papel no lixeiro. Nesse caso, a hora da morte é difícil.
Recordem como nossos avós rezavam por uma boa morte! Em muitas comunidades religiosas é costume transportar-se todas as noites, antes de dormir, à hora da morte. Que fazemos ao pensar que poderíamos morrer esta noite? A ideia da morte é imensamente valiosa.
Que levaremos para o túmulo? Nem beleza, nem saúde, nem dinheiro. Durante a vida nós nos prendemos às coisas que teremos que deixar para trás. Além disso, nas ordens religiosas costumam-se recordar todos os meses, no retiro, as verdades eternas.
Não é um grande prejuízo envenenar a hora da morte pela superficialidade da vida espiritual? Em geral costuma-se dizer: “Deus é boa pessoa, não leva as coisas tão a sério!” É verdade que Deus é bom e acredito que será bom para nós após a morte. No entanto, estou convicto de que as muitas orações que se rezam tantas vezes e as indulgências que se obtêm reverterão, sobretudo, em favor dos que não receberam tantas graças como nós na vida. Creio que se formos para o purgatório não sairemos de lá tão depressa.
Se formos verdadeiros filhos e filhas do Pai e na vida não nos contentarmos em ser filhos de ferro*, conseguiremos superar muito bem tudo isto. Examinem-se, por favor: rezamos e ensinamos os filhos a rezar por uma boa morte? É importante, porque o momento da morte decide toda a eternidade. [2]
No tapete que fica sobre o local onde o Pe. Kentenich faleceu está gravada a frase “Rumo ao Pai vai nosso caminho” (Heimwaerts zum Vater geht unser weg)
*A expressão “filho de ferro” está ligada à palestra do Pe. José Kentenich, neste mesmo livro, na qual ele faz referência ao que ele classifica como três tipos de filhos: de ferro, de prata ou de ouro. Ele estimula cada um a ser um filho de ouro, ou seja, um filho heroico
Fotos: Ir. M. Nilza P. da Silva
[1] KENTENICH, Pe. José. Às segundas-feiras ao Anoitecer – Diálogos com famílias, Vol 21. Nossa vida à luz da fé. Sociedade Mãe e Rainha
[2] KENTENICH, Pe. José. Às segundas-feiras ao anoitecer – Diálogos com famílias. Vol 3. Reflexo do Pai – Palestras para casais em Milwaukee. Sociedade Mãe e Rainha, Santa Maria/RS, 2010. 6 de agosto de 1956 .
Publicado em: 2 de nov de 2023
É verdade meus pais nos falavam sobre a boa morte, eu achava muito estranho, que ao morrer não podia ver mais eles meus pais e mesmo assim seria uma boa morte.
Hoje é que lendo o documentário entendi.
Gostei muito do artigo. Sou de uma geração q não se falava sobre a morte, algo como um tabu. Quantas graças foram perdidas ou mal aproveitadas pq não pensando na hora da morte não revisamos nossas escolhas em vida. Quantos sofrimentos poderíamos ter evitado…. Agradeço ao PK por essa orientação espiritual e tenho certeza q ele lá na eternidade já salvou muitas almas com seus escritos. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre. Amém.
Sobre a boa morte: sim, os católicos de gerações anteriores mantinham a noção do valor do e se ter uma boa morte, exortado final da oração Ave Maria.
Na cidade de Piracicaba – SP, uma importante rua que vai desde a catedral até o bairro da Paulista, chama-se Rua Boa Morte.