Hoje vamos olhar para a vida da Família Pozzobon e descobrir o que eles podem nos ensinar
Adelmo e Ana Paula Dal Pozzolo – Educado em uma família profundamente religiosa, João Luiz Pozzobom vivenciou desde cedo a força da oração. A família iniciava o dia com o sinal da cruz, pedindo bênção e também a proteção e a ajuda para todo o dia ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Ao meio-dia e ao anoitecer rezavam o “Anjo do Senhor…”. Durante as refeições rezavam a oração da família e antes de dormir a família reunida rezava o terço. Esta vida familiar de oração estabeleceu em todos, especialmente no menino João a consciência da presença de Deus.
A presença de Deus se revelava na casa e na vivência familiar, nas relações interpessoais e na comunidade, que celebrava os domingos do Senhor com entusiasmo participando da missa, na oração do terço, na adoração ao Santíssimo Sacramento e proferindo a ladainha de Nossa Senhora, rezados na Capela em Vale Vêneto a cada domingo.
Assim João forjou seu coração conectado na fé em Deus e em Nossa Senhora. E o menino se tornou homem, casou-se e entendia o casamento como um verdadeiro sacramento, desejava celebrá-lo e vivê-lo com amor e fidelidade até o fim. Mas a primeira esposa, com saúde frágil, veio a falecer após cinco anos de união, deixando-o viúvo e com dois filhos pequenos. Quis a graça de Deus que houvesse a segunda esposa, a qual também assumiu sob a luz do matrimônio, cumprindo também os votos de fidelidade e amor, vivendo a família com paciência, gentileza e responsabilidade. Cuidando, juntos, dos dois filhos anteriores a esta união e recebendo com alegria e cuidados outros cinco novos filhos.
Ele usava uma arma, que estava sempre ao alcance de sua mão: o terço, e estava sempre com o coração carregado de orações e consagrações à Mãe e Rainha e a Deus. Muitas vezes rezou o terço na intenção de amenizar os ânimos na família quando havia algum mau tempo ou exaltação. Também rezava para a boa condução dos negócios e para que o bom Deus os auxiliasse a serem bons pais. Lançava mão da oração do Rosário para agradecer pelas bênçãos, pelo bom andamento da vida, que nem sempre era fácil, mas era sadia e confiava na Providência Divina para resolver o que houvesse.
A vida dos esposos
Quando olhamos o relacionamento que havia entre o marido João e sua esposa Vitória, percebemos a importância de um gesto simples de amor. Ao acordar, João preparava um café e o ofertava para a esposa ainda na cama, e quando se referia a este hábito, humildemente dizia: “O que é um café, senão um gesto de amor!”. Em retribuição, Vitória esperava a sua chegada à noite, sentada, por vezes cochilando, também com um café, um “gesto de retribuir amor”.
Nas muitas vezes em que João Pozzobom se preparava para conduzir a imagem de 11 kg da Mãe Peregrina, em seus ombros acompanhando a prática da reza do terço, outro gesto de amor surgia de sua esposa: ela o abençoava e pedia que a Mãe e Rainha o protegesse de todos os perigos, na ida e na volta.
A relação com os filhos
Com relação aos filhos, aos quais educava com carinho, sem nunca bater, João Pozzobon acompanhava usando um caderno para anotações sobre cada um deles. Nesses apontamentos, deixou registrado que cada filho receberia, por um conjunto de tarefa simples executado, dez centavos em forma de mesada ao final do mês, caso cumprissem com as atividades. Há anotações que contam que, caso algum filho faltassem com alguma tarefa ou cometessem algum deslize, recebiam a oportunidade de rezar cinco Ave-Marias como forma de pedir à Mãe de Deus que perdoasse a falha cometida e os ensinasse a ser e a viver melhor. Com esse método simples, ensinava os filhos a contribuírem com a família.
A generosidade da família também é visível no servir ao próximo. De forma bastante prática, no espaço especialmente reservado no armário do armazém onde eram guardados mantimentos para serem entregues a famílias necessitadas. A entrega do alimento não material também foi assumida pelo já Diácono João Pozzobon, quando concedia a eucaristia, nos batismos que realizava e na intensa vida dedicada aos ensinamentos religiosos que proporcionou, levando o exemplo de devoção à Maria, Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt aos muitos recantos visitados com ela nos ombros.
Toda a vida vivida com amor, tudo feito com profundo amor.
O que fazer para sermos FAMÍLIA hoje?
Olhando o exemplo da família de João Luiz Pozzobom podemos responder: Devemos VIVER O AMOR.
O amor expresso a Deus pela vida de oração, que pede a benção do dia através do sinal da cruz. Através da oração do terço, ofertando rosas de amor à Mãe e Rainha, pedindo proteção, educação, graças e agradecendo por tudo.
O amor pela esposa, deixado num gesto concreto: uma xícara de café para sua amada acordar bem, com um carinho em forma de café. E que reza o terço em família pedindo que as desavenças sejam afastadas de seu lar. O amor da esposa que abençoa o esposo e pede que a Mãe de Deus cuide dele em sua jornada e que o traga de volta para casa livre de todo perigo.
O amor pelos filhos, expresso em formas respeitosas de educar, conduzindo-os e educando-os para o amor, para o perdão e para a fé.
Na vivência do amor ao próximo tanto pela caridade material quanto pela generosidade cristã, levando Cristo eucarístico e pela palavra através das escrituras, por ensinamentos práticos e exemplos de vida cristã, vivendo os sacramentos em sua plenitude.
Família deve ser amor, família é amor.
Durante a Campanha da Mãe Peregrina, pela qual percorreu mais de 140.000 km conduzindo a imagem Peregrina da Mãe e Rainha, o Sr. João exclamava: “Se me encontrarem morto, na beira da estrada, saibam que morri de alegria.”
Assim se revela o amor com o qual se entregou à missão. Viveu com o coração pleno de amor, amando a Deus, a Maria, Mãe e Rainha, amando sua esposa e os filhos com os quais foi presenteado pela graça do Pai. Amando aos pais e aos irmãos, aos vizinhos, e também amando fraternalmente as muitas famílias que visitou e com as quais rezou o terço.
Amou, e por este amor se fez missão pela Rainha e Mãe que morava em seu coração, a Peregrina que, retribuindo seu amor, o transformou em seu peregrino. Por amor viveu, casou, formou-se Diácono, educou e finalmente retornou a Deus quando se dirigia à santa missa no Santuário Tabor.
Que este exemplo de VIDA DE AMOR eduque as famílias de nosso tempo para praticarmos mais gestos de amor, simples, porém verdadeiros, porque Deus é amor e vive em cada um de nós.
* Contribuição da Liga de Famílias de Schoenstatt do Regional Sul
Referências:
João Pozzobon, o alegre portador de Maria – Achylle A. Rubin e João B. Quaini, Ed. Palotti, 2010.
Temas e Estudos – Entendi a Missão… – Movimento Apostólico de Schoenstatt / Sociedade Mãe e Rainha, 2020.
Família Serviço à vida – Dias de retiro para as famílias USA 1953 – Padre José Kentenich, 2º ed Santa Maria/RS – Sociedade Mãe e Rainha, 2020.
Publicado em: 5 de set de 2020