Ser santo é ser “normal”
Ariel Stival – Com o passar do tempo algumas palavras podem ir perdendo seu significado original, isso acontece hoje com a palavra “santo” e, por consequência, com a palavra “santidade”. O que significa, afinal de contas, ser santo? É possível para qualquer um? O que temos que fazer para crescer na santidade?
Todos nós católicos já somos santos, de alguma forma, desde o batismo. Nesse dia, fomos consagrados para Deus, nascemos para a Igreja de Cristo e enviados para viver no mundo e santificá-lo.
A santidade é, portanto, um dom de Deus que recebemos e que precisamos cuidar e fazer crescer, pois, apesar de termos sido feitos santos pelo amor de Deus, muitas vezes, em nosso dia a dia, nos esquecemos disso e não vivemos como filhos e filhas de Deus. Nós somos pecadores e, por nossas próprias forças, estávamos condenados a viver em nossa miséria, longe de Deus. Mas Ele, em sua bondade e misericórdia, sai ao nosso encontro e nos santifica segunda a nossa abertura para isso.
Uma seta que aponta o caminho
O Papa Francisco afirma que “Se não fores capaz de suportar e oferecer a Deus algumas humilhações, não és humilde nem estás no caminho da santidade. A santidade que Deus dá à sua Igreja vem através da humilhação do seu Filho: este é o caminho” [1]. Para sermos verdadeiros santos devemos seguir verdadeiramente os passos de Cristo e para isso, como ele mesmo disse, devemos deixar para traz tudo o que temos e aceitar a nossa cruz.
O Papa Bento XVI em um discurso para alunos de instituições católicas assinalou que todo jovem está chamado à santidade, à verdadeira amizade com Deus que transforma a vida e muda o mundo: “O que Deus mais deseja de cada um de vocês é que sejam Santos. Ele vos ama muito mais do que jamais poderiam imaginar e quer o melhor para vocês. E, sem dúvida, o melhor para vocês é que cresçam em santidade” [2].
Ser santo é ter “cara de santinho”?
“Tantas vezes nós pensamos na santidade como algo extraordinário, como ter visões ou orações elevadíssimas. Alguns pensam que ser santo significa ter uma cara de santinho. Não! Ser santos é outra coisa”, afirma o Papa Francisco. Ele explica que “o chamado à santidade, que é o chamado normal, é o chamado a viver como cristão, isto é, viver como cristão é o mesmo que dizer ‘viver como santo’” [3].
Portanto, estar nesse caminho de santidade consiste em caminhar para a esperança, ir ao encontro de Jesus Cristo e viver com plenitude, dando o nosso máximo em todas as atividades de cada dia: “O santo do dia a dia santifica seu dia de trabalho, vive santamente durante toda a semana e em tudo o que faz imprime o selo da santidade. Alegrias e tristezas, trabalhos e descanso, orações, palavras e conduta: executa tudo extraordinariamente bem, por amor, isto é, santamente” [4], diz o Pe. José Kentenich.
Um modelo para os jovens
Um grande exemplo dessa santidade é a Virgem Maria, ela deixou tudo o que sentia e sem medo disse ‘sim’ ao anjo e aceitou a grande missão de ser Mãe do Salvador e mais tarde mãe de todos os cristãos. Um gesto de humildade, de entrega e verdadeiramente um gesto de santidade.
O Santo Padre, Papa Francisco, nos diz: “Maria é a mais abençoada dos santos entre os santos, Aquela que nos mostra o caminho da santidade e nos acompanha. E, quando caímos, não aceita deixar-nos por terra e, às vezes, leva-nos nos seus braços sem nos julgar. Conversar com Ela consola-nos, liberta-nos, santifica-nos” [5]. Ou seja, o caminho mais fácil para ser santo é estar junto com Maria.
É verdadeiramente alegre quem vive santamente, contudo a verdadeira alegria não é o riso. Rir muito nem sempre significa felicidade. É muito mais feliz a mãe carregando amorosamente seu filho do que um tolo que ri à toa. E a maior alegria que um homem pode ter é a de salvar-se e estar com Deus por toda a eternidade.
Antes da vinda de Jesus Cristo, o céu estava fechado para nós. Foi o sacrifício do calvário que nos reconciliou com o Criador e nos proporcionou a experiência de santidade e a verdadeira felicidade.
* Contribuição da Juventude Masculina de Schoenstatt do Regional Sul
Referências:
[1] PAPA FRANCISCO. Homilia na missa diária, Casa Santa Marta, 1º de fevereiro de 2016
[2] PAPA BENTO XVI. Encontro com alunos de instituições católicas britânicas, Londres, 17 de setembro de 2010
[3] PAPA FRANCISCO. Homilia na missa diária, Casa Santa Marta, 29 de maio de 2018
[4] KENTENICH, Pe. José; NAILIS, Ir. M. Annette. Santidade de todos os dias – Espiritualidade Laical de Schoenstatt, vol 1.
[5] PAPA FRANCISCO. Exortação Apostólica Gaudete Et Exsultate, nº 176
Publicado em: 3 de nov de 2019
Ariel nos dá a real dimensão da santidade da vida diária para o cristão.
Parabéns pela partilha!
Quando nos mostra no título Sou jovem, mas vivo a santidade, pareceu-me estar querendo dizer que para viver a santidade tem idade, e que somente os adultos podem fazê-lo.
Conforme fui aprofundando a leitura ele vai descrevendo a simplicidade da santidade da vida diária.