21 de novembro: Um dia dedicado aos corações apaixonados por Jesus Eucarístico
Karen Bueno – Duas pessoas que se amam gastam tempo, durante o dia, conversando entre si. Mesmo que seja apenas um “Bom dia” no Whatsapp, ou um telefonema breve no horário de almoço, há pequenos espaços que são dedicados a cultivar o amor. E, quanto maior o amor, mais tempo é encontrado para isso.
No dia 21 de novembro a Igreja celebra a Apresentação de Maria no Templo e dedica um dia especial às pessoas que vivem uma Vida Contemplativa. Estamos falando daqueles “apaixonados” por Jesus que, em nome de toda a Igreja e por vocação, são os que presenteiam mais tempo ao Senhor.
Na Igreja, adoração é sinônimo de missão. A maior parte do dia, para as pessoas que vivem a vocação contemplativa, é dedicada à oração e adoração. Em Schoenstatt temos alguns exemplos de vocação contemplativa nos Institutos Seculares, de pessoas que têm, como sua primeira tarefa e missão, rezar pela Igreja, pelo mundo e pela nossa Obra.
Cristo “é o grande pensamento do santo do dia a dia” (Pe. José Kentenich)
Mas, rezar pela Igreja e pelo mundo não é só tarefa dos consagrados. Existe, junto com eles, muitos leigos que passam algumas horas da semana em adoração. Em vários Santuários de Schoenstatt há uma escala de adoradores voluntários.
No Santuário de Porto Alegre/RS, por exemplo, Ana Virginia Pacheco está presente com frequência nas quintas-feiras, já há mais de 15 anos: “Pois é assim que encontro com Jesus Eucarístico e me ajuda nas dificuldades cotidianas”, diz ela. Ana Virginia conta sua experiência: “Com a Adoração foi aumentando a minha necessidade de estar junto com o Santíssimo em sua presença real, o que me motiva e me traz paz, tranquilidade e gratidão por todos os momentos. Como já são vários anos de adoração, aprendi que, de joelhos dobrados e com muita humildade, devemos entregar todas as nossas necessidades e as de nossos irmãos nas mãos de Deus, assim, podemos confiar na Divina Providência e ajudar na santificação das famílias e necessidades do mundo”.
“À tarde, entre as 7 e às 8 horas, estou diante do Santíssimo durante uma hora” (Papa Francisco) [1]
Em São Paulo/SP, no Santuário do Jaraguá, Cirléia Botássio descobriu que estar diante de Jesus “nos fortifica, nos fortalece, nos dá ânimo, nova alegria para lutar e enfrentar as dificuldades”. Ela encontrou alento nas horas de sofrimento, em especial diante das dificuldades de saúde, e nas horas de alegria: “Estar diante de Jesus, para mim, é muito forte, porque ali eu coloco todas as minhas alegrias, as minhas fraquezas, as minhas necessidades e eu sinto que ele me fortalece”.
Cirléia também sentiu a importância da adoração, em sua vida, num momento especial de desprendimento, quando seu filho ingressou no seminário dos Padres de Schoenstatt: “Quando o Lucas ouviu o chamado ao sacerdócio e entrou no seminário, eu fui diante de Jesus, porque aquele desligamento do meu filho, ver ele partindo, mexeu muito comigo. E Jesus foi colocando paz e tranquilidade no meu coração. Hoje a gente faz [adoração] com mais frequência ainda, porque nós rezamos pelas vocações e nós temos que rezar por elas”.
Adoração online vale?
O que a Igreja pensa a esse respeito? Quais suas dicas para que seja um momento enriquecedor de oração?
No Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil encontramos este trecho: “As transmissões têm valor evangelizador, pois, por meio delas, o anúncio da Boa Nova vai ao encontro dos enfermos, das pessoas com idade avançada ou impossibilitadas de participar fisicamente das comunidades. Contudo, o fiel em condições de tomar parte das celebrações deve fazê-lo, pois essa participação presencial permite o envolvimento integral da pessoa em sua comunidade” (99).
Para aqueles que não podem participar fisicamente, esta é a orientação: “A transmissão por meios eletrônicos, rádio, TV ou internet, deve ser sempre ao vivo. Uma transmissão gravada, embora possua características evangelizadoras legítimas, não possibilita o vínculo entre a comunidade que participa da celebração presencialmente e quem a ela assiste à distância. Tais transmissões gravadas possuem somente estatuto de documentário ou de reportagem” (100).
“Procura-se Jesus em toda a parte. Assim acontece com a alma que é cativada por Ele” (Pe. José Kentenich)
Para o Pe. José Kentenich, Cristo “é o grande pensamento do santo do dia a dia”. Ou seja, aqueles que desejam ter uma vida santa, buscam cultivar essa proximidade com Jesus em tudo o que fazem. “Por isso [o santo do dia a dia] gosta de pesquisar a Sagrada Escritura, quer tenha à mão uma edição da Bíblia, quer na liturgia, pois no centro da Sagrada Escritura está sempre a grande personalidade do Homem-Deus”, diz o Pai e Fundador.
O Papa Francisco motiva todos a serem adoradores e diz que a oração de adoração é “esta que nos prostra sem nos prostrar”, que “nos dá nobreza e grandeza”. Ele convida a ir “dos sacrifícios ao silêncio; à adoração”. “Mas – continua o Papa – só podemos conseguir com a memória de termos sido eleitos, de termos dentro do coração uma promessa que nos impulsiona a seguir, e com a aliança nas mãos e no coração. E sempre em caminho: caminho difícil, caminho em subida, mas em caminho rumo à adoração”.
Referências:
– Todas as citações do Pe. José Kentenich foram retiradas do “Retiro para as Irmãs de Maria de Schoenstatt, de 4 a 11 de março de 1933”, texto disponível no livro:
KENTENICH, Pe. José. Cristo Minha Vida – Textos escolhidos sobre Cristo. Editado pelo Instituto Secular Padres de Schoenstatt, editora Pallotti, Santa Maria/RS, 1997. 1ª edição.
– Todas as citações do Papa Francisco foram retiradas da “Homilia Matutina na Casa Santa Marta, em 5 de fevereiro de 2018”, disponível em vatican.va
[1] Entrevista concedida ao Pe. Antonio Spadaro, diretor da revista italiana La Civiltá Cattolica