Um violino veio na mala das primeiras missionárias enviadas ao Brasil, desde então, a música ganhou importantes contribuições
Ir. M. Sandra Regina Netto – Sabemos que a música acalma nossa vida, ajuda-nos a refletir e a rezar, impulsiona-nos para o alto. Mas, o que nem todos sabem é que Schoenstatt trouxe uma importante e grande contribuição para a música no Brasil.
Entre as 12 Irmãs missionárias alemãs, enviadas ao Brasil pelo Fundador, Pe. José Kentenich, em 1935, estava Ir. Mariaregis Kessler com seu inseparável violino. Para ela, não bastava trazer a missão de ser Maria e irradiar a Mãe de Deus com a missão original que Deus lhe confiara em Schoenstatt. O canto que Maria iniciou no Magnificat deveria continuar. Nas semanas da dura viagem no navio São Martin, era comum ressoar pelo convés melodias que reuniam os tripulantes em torno da imagem da MTA, para acompanhar os cantos ou simplesmente contemplar o coro formado pelas Irmãs de Maria, alguns padres e seminaristas. Em terra, o compasso da música ritmou os passos do rápido nascimento e crescimento da Família de Schoenstatt no Brasil, indo mais além. Em 13 de novembro de 1945, nasce a Escola de Música no Colégio Mãe de Deus, em Londrina/PR, que deu uma enorme contribuição para a música brasileira e também do exterior.
Formação para músicos profissionais, à sombra do Santuário
A Escola de Música, em Londrina, é uma referência para este setor no Brasil. Nos 25 anos em que atuei como coordenadora, pude mergulhar neste universo maravilhoso da Música. Nossa escola, que foi também Faculdade de Música Mãe de Deus (FMD), deu suporte para o curso de Música da Universidade Estadual de Londrina e colaborou com o Festival Internacional de Música de Londrina (FIML). Muitos alunos se tornaram músicos profissionais ou complementaram ali sua formação musical em Cursos de Coral, Instrumentos, Educação Musical, Etnomusicologia (o estudo da música em seu contexto cultural) e outros.
Pela Música, muitos foram conduzidos à presença da Mãe de Deus no Santuário. Ex: O importante pianista e professor Homero de Magalhães (Link) perguntou-me certa vez: “Irmã, diga o que existe neste lugar de tão especial? Aqui experimento algo que não experimentei em toda a minha vida… e olha que eu rodei o mundo!” Então eu o convidei para conhecer o Santuário. Ao sair, com os olhos marejados de lágrimas, ele me disse: “Irmã, que católico relapso eu sou! Como me lembrei de minha mãe e tudo o que ela me ensinou!” Com certeza, esse profundo encontro com Deus e com Maria o preparou para seu encontro definitivo com Deus no ano seguinte.
Um dos melhores bandolinistas (Link) do Brasil, Joel Nascimento, ficou tão encantado com a atmosfera do Santuário que compôs a música intitulada “Divina Presença!”
Ir. M. Wilfried trouxe o método Suzuki para o Brasil
O método Suzuki (Link), que trouxe tantos benefícios na área da música, foi trazido ao Brasil por Ir. M. Wilfried Gassemayer. Ela se correspondia com Waltraud Suzuki (esposa de Shinichi Suzuki) e foi até o Japão, onde teve aulas com o próprio Suzuki, e trouxe seu método para nossa pátria. Shinobu Saito, referência atual no método Suzuki, foi motivada pela Ir. M. Wilfried. Ela conta essa história neste (Link).
Alguns alunos testemunham:
“O Colégio Mãe de Deus foi o ícone da música em Londrina, tudo de melhor e mais precioso acontecia lá. (…) Fui muito feliz e penso que a música que tenho dentro de mim brotou lá com vocês”, Luciana Gastaldi, pianista.
“Um dos principais eixos da minha formação ética, musical, religiosa e cidadã foi construído pela educação que tive no Colégio e Faculdade de Música Mãe de Deus, das Irmãs de Maria de Schoenstatt. Durante mais de três décadas pude compartilhar tudo o que aprendi para o campo da educação musical no Brasil e no contexto internacional! Sou grata e afortunada por ter como base da minha vida os preciosos ensinamentos das Irmãs de Maria”, Magali Kleber, membro do Conselho Executivo da International Society for Music Education
“É difícil acreditar que já faz 25 anos desde as nossas aulas no Mãe de Deus! Muita gente diz que não lembra nada da época de 4-5 anos de idade, mas eu tenho muitas ótimas memórias daquele tempo. Lembro-me bem do interesse que você instigou em mim do uso do 4º dedo em vez da corda solta e de o quão ‘especial’ era o som se aquele 4º dedo caísse no lugar certo. Lembro da paciência imensurável – muito necessária para ‘aguentar’ as travessuras de alunos tão jovens de um instrumento que requer tanta atenção e dedicação para aprender”, Matheus Garcia Souza/ Violin Performance (Link).
“Foi no Colégio Mãe de Deus com a minha querida e primeira professora Ir. M. Sandra Regina que descobri o meu amor pela música! Ensinou-me a tocar violino, violão e a realmente amar o que hoje é a minha profissão. A música que me acompanha há 21 anos, trazendo-me alegria em todos os momentos da vida e me ajudando a levar esse sentimento para as outras pessoas também”, Thaís Souza, violinista na Orquestra Jazz Sinfônica do Brasil
“Nossa família se formou em meio à música. Desde o meu casamento e o nascimento dos nossos filhos, sempre tivemos a música como o som e o ritmo vital em nossa casa. Trabalhar como professora de piano no colégio Mãe de Deus me permitiu, entre outras coisas, introduzir meus filhos precocemente no ensino musical, cada qual com seu instrumento, colaborando na formação da personalidade e do caráter. Ao mesmo tempo em que eles estudavam no colégio, eu ali trabalhava e toda essa atmosfera musical envolvia e motivava a nossa família a buscar, sempre mais, a beleza, a suavidade e o encanto que a música traz”, Gislaine Mafra, professora de piano e membro do Instituto de Famílias de Schoenstatt.
Fonte: s-ms.org (Irmãs de Maria de Schoenstatt)
Publicado em: 1 de out de 2021
Conheci a Irmã Wilfried. Foi muita dedicação, apoio e incompreensão para trazer o método Suzuki para o Brasil. Agora, quantos frutos! “Bendito sejas sempre, ó Deus Trindade…” (RC n. 291)