Neste estudo sobre o Sacramento da Eucaristia, tratamos da adoração eucarística. No Catecismo da Igreja Católica lemos: “A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante de seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos fez e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. É prosternação do Espírito diante do Rei da Glória e o silencio respeitoso diante do Deus sempre maior. A adoração do Deus três vezes santo e sumamente amável nos enche de humildade e dá garantia a nossas súplicas.” (2628)
Jesus presente na Eucaristia
Um pouco antes de sua ascensão, Jesus nos fez uma grande promessa: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Como Deus, ele está presente em tudo e em todos os lugares. Mas, a forma de sua presença real, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade é na Sagrada Eucaristia. A hóstia consagrada é o corpo de Jesus. Ele está conosco, em forma de pão, e nos convida a nos tornarmos um só corpo com ele quando comungamos.
Terminada a Santa Missa, Jesus continua presente no Santíssimo Sacramento, que fica guardado no Tabernáculo ou que parte a caminho, pelas mãos de um ministro, ao encontro da pessoa impossibilitada de ir para a igreja. Em sentido figurado, ele é um “prisioneiro do Sacrário”, pois se sujeita a ficar ali, silencioso, na espécie de pão, esperando que cada um de nós escolha passar algum tempo em sua presença, para um diálogo íntimo de amor. Quando comungamos, Jesus fica fisicamente conosco “enquanto persistir a espécie eucarística”. Mas no Sacrário, ele fica todo o tempo, dia e noite, cumprindo sua promessa de estar conosco todos os dias até o fim do mundo.
Assim, é um grande gesto de amor ir até uma igreja e adorar a Jesus sacramentado. O Papa Paulo VI, na Carta Encíclica Mysterium Fidei nos estimula: “Durante o dia, não deixem de visitar o Santíssimo Sacramento, que se deve conservar nas igrejas no lugar mais digno, e com máxima honra, segundo as leis litúrgicas; cada visita é prova de gratidão, sinal de amor e dever de adoração a Cristo Senhor nosso, ali presente… Todos os que dedicam particular devoção ao augusto Sacramento eucarístico e se esforçam por corresponder com prontidão e generosidade ao amor infinito de Cristo por nós, todos esses experimentam e se alegram de compreender quanto é útil e preciosa a vida oculta com Cristo em Deus e quanto importa que o homem se demore a falar com Cristo. Nada há mais suave na terra, nada mais eficaz para nos conduzir pelos caminhos da santidade.” (68,69)
Todos desejamos um dia estar no Céu e passar a eternidade com Cristo. Se realmente queremos isso, por que não passar um tempo diante do Sacrário com Jesus e saborear um pouco dessa infinita alegria? Imagine Jesus falando para você: “muito obrigado por ter me visitado enquanto estava prisioneiro no Sacrário. Você não me enxergava como me vê agora, mas eu sempre te enxerguei. Venha então passar a eternidade me vendo face a face!”
Como podemos adorar
Não existe uma regra de como deve ser feita uma adoração eucarística, mas há algumas sugestões. O mais importante é a consciência de estar diante de Jesus, que está ali na hóstia, porque nos ama com amor infinito e quer passar um tempo conosco. Assim, pode-se iniciar com um ato de presença de Deus, uma pequena oração dizendo, por exemplo, “eu creio Senhor que está realmente presente aqui, que está me vendo, me ouvindo e conhece o meu coração”.
Depois, pode contar para Jesus tudo aquilo que está no seu coração, suas preocupações, seus problemas, suas alegrias e conquistas. Ele já conhece tudo, mas ele se alegra se nós temos esse cuidado de contar tudo para Ele. Pode também fazer seus pedidos, seja para você ou seja para as pessoas que pediram suas orações. Leve tudo para Jesus.
Para encerrar, agradeça o tempo que passou junto a Jesus e peça a graça de logo poder retornar. Não há um tempo mínimo ou máximo de adoração, mas a Igreja concede indulgência plenária (desde que cumpridas as exigências de praxe: confissão, comunhão e orações pelo Papa) a quem fizer pelo menos 30 minutos de adoração[1].
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Adoração, um no coração do outro
Testemunho de vida
Barbara Kast era uma jovem chilena que participava da Juventude Feminina e morreu com apenas 18 anos. Ela é considerada uma heroína de Schoenstatt. A fórmula definitiva de seu Ideal Pessoal foi a seguinte: “Tabernáculo de Deus, portadora de Cristo e de Schoenstatt aos homens”. Um ideal que foi penetrando sua vida diária e que ela alimentou com a comunhão diária e a adoração silenciosa diante do sacrário. Uma tarde, logo depois de uma reunião, as jovens fizeram um momento de oração na capela. O tabernáculo aberto para a adoração. Antes que o fechassem, Bárbara, ajoelhada junto à Irmã M. Luz, sussurrou-lhe ao ouvido: Que coisa mais linda… eu ficaria aqui toda a vida.” [2]
Palavras do Pe. Kentenich
“Jesus instituiu o Santíssimo Sacramento do Altar, o Sacramento do amor. Que sacrifícios lhe custou esse amor! Ao tornar-se homem, ele se aniquilou até a aceitação da figura de uma criança, até a aceitação da figura do pão. No primeiro caso ocultou sua divindade sob o véu da natureza humana; aqui, ocultou a sua divindade sob o véu do pão, não só a divindade, mas também sua humanidade; aqui, ele próprio ocultou o modo natural de ser, da existência e o uso natural dos sentidos; tudo, tudo SÓ por amor a nós.”[3]
“Impulsionados pelo amor a Jesus, façamos o propósito de visitá-lo algumas vezes no Sacrário. Ele espera por cada um de nós para derramar seu amor infinito em nossos corações. [4]
[1] Manual de Indulgências, nº 03
[2] Barbara Kast, “Tabernáculo de Deus, portadora de Cristo e de Schoenstatt aos homens” Pe. Esteban Uriburu
[3] Pe. José Kentenich, 25/2/1966 in Vinde Adoremos, 4 ed, 2014
[4] Sob a Proteção de Maria, P. F. Kastner