Flávia C. Ghelardi* – Iniciamos o estudo sobre mais um dos sete sacramentos da Igreja: o sacramento da confissão ou da penitência. É chamado sacramento da confissão, porque o reconhecimento, a confissão dos pecados perante o sacerdote é um elemento essencial deste sacramento (CIC 1424). É chamado sacramento da Penitência, porque consagra uma caminhada pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação por parte do cristão pecador. (CIC 1423).
“Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão” (CIC 1422)
Antes de vermos sobre o sacramento em si, é importante que tenhamos clareza sobre alguns aspectos importantes relacionados a confissão.
O chamado a conversão
O apelo de Jesus pela nossa conversão é parte essencial do Evangelho. “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Esse chamado é dirigido, em primeiro lugar, àqueles que não creem em Cristo, porém, nós cristãos, também precisamos seguir o caminho de constante conversão, pois, conversão significa uma mudança de direção. Se seguimos um caminho e percebemos que ele não nos levará ao Céu, então fazemos uma conversão, para voltar ao caminho sonhado por Deus para a nossa vida.
Em virtude do pecado original, todos nós temos a tendência em ser egoísta e buscar, em primeiro lugar, a própria satisfação. O egoísmo é contrário ao amor, que pensa em primeiro lugar no bem do outro. Como Deus é puro Amor, para passarmos a eternidade com ele, precisamos aprender, pouco a pouco, a nos livramos do egoísmo, lutando por essa conversão a cada dia. “Este esforço de conversão não é somente obra humana. É o movimento do ‘coração contrito’ atraído e movido pela graça para responder ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro” (CIC 1428)
Todos necessitamos de penitência
Ao nos darmos conta de que precisamos de conversão, porque estamos trilhando o caminho errado, sentimos um anseio interior pela penitência, por uma reorientação radical de toda a vida, um regresso a Deus, de todo o nosso coração, romper com o pecado, uma aversão ao mal, com repugnância pelas más ações que cometemos. Ao mesmo tempo, implica o desejo e o propósito de mudar de vida, com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda da sua graça. (CIC 1431)
A Igreja orienta três tipos de penitência: jejum, esmola e oração. O jejum nos ajuda a dominar os instintos e assim nos fortalece contra a tentação da busca do prazer. A esmola ajuda a nos desprendermos dos bens materiais, pois damos a quem não pode nos retribuir, e nos ajuda contra a tentação do ter. A oração nos ajuda a reconhecer que somos criaturas, que todo o poder é de Deus, nos ajuda contra a tentação do orgulho e o desejo de ter poder.
O que é o pecado
“A conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual faz com que os nossos corações se voltem para Ele… Deus é quem nos dá a coragem de começar de novo. É ao descobrir a grandeza do amor de Deus que o nosso coração é abalado pelo horror e pelo peso do pecado, e começa a ter receio de ofender a Deus pelo pecado e de estar separado d’Ele. O coração humano converte-se, ao olhar para Aquele a quem os nossos pecados trespassaram” (CIC 1432)
O pecado é uma ofensa a Deus e uma ruptura da comunhão com ele, pois escolhemos seguir nossos desejos muitas vezes desordenados, em vez de sermos fiéis aos ensinamentos de Deus, que tem apenas um objetivo: a nossa salvação. O pecado prejudica a nós mesmos e a nossa vida em comunidade, pois, somos todos parte do Corpo Místico de Cristo. O que um membro faz ou deixa de fazer, pode tanto prejudicar como beneficiar o corpo todo.
Logo, ao buscarmos o sacramento da confissão, arrependidos de nossos erros, nos reconciliamos com Deus e com os irmãos, recuperando o estado de graça que recebemos em nosso Batismo. Toda vez que cometemos um pecado mortal, precisamos buscar o quanto antes a confissão. “É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave (contra os 10 mandamentos), e que é cometido com plena consciência e deliberadamente” (CIC 1857).
Mas, precisamos confessar também os pecados veniais, aquelas falhas que cometemos quase que diariamente, por egoísmo e falta de caridade. Não porque eles rompem nossa amizade com Deus, mas porque seu acúmulo, com o tempo, pode levar a um pecado mortal.
Apóstolo da confissão
Durante a guerra, José Engling se manteve fiel aos seus exercícios espirituais buscando sempre que possível o Sacramento da Confissão. Ele também ajudou outros soldados a reconhecerem suas culpas e se reconciliarem com Deus. No livro Herói de duas espadas lemos: “No domingo antes da Missa, o capelão teve que atender confissão durante muito tempo. Também José se encontrava na fila e, atrás dele, Riedinger. (Um soldado que José Engling ajudou a voltar à prática dos sacramentos). Finalmente decidido a uma radical mudança de vida, armara-se de toda coragem para enfrentar o confessionário. Antes, porém, José tivera de ajuda-lo com palavras encorajadoras. Depois da confissão, Riedinger sentia-se tão leve e feliz que parecia ter nascido novamente”.
Devemos nos confessar não porque é uma obrigação imposta pela Igreja, mas porque acreditamos na misericórdia de Deus Pai e queremos nos reconciliar com ele. É Jesus que no confessionário está a nossa espera, para acolher nosso coração arrependido, derramar suas graças sobre nós, curar as feridas do nosso coração e capacitar-nos para viver e amar melhor. Nesse mundo tão atribulado em que vivemos, não há nada mais necessário do que viver com equilíbrio e é justamente isso que a confissão regular nos proporciona. Faça essa experiência!
No próximo artigo trataremos sobre os requisitos para fazermos uma boa confissão.
Olivo Cesca, Heroi de duas espadas, 3ª edição
*Flávia e seu esposo Luciano são membros da União de Famílias de Schoenstatt
OS SACRAMENTOS
- Os Sacramentos e a Aliança
- O Batismo nos introduz na Aliança
- O que é o sacramento da Confirmação
- O que é o sacramento da Eucaristia
- O que é o sacramento do matrimonio
Muito bom
Eu não tinha muita informação sobre.
Gostei muito dessa matéria, que continuem com mais matérias de nossa amada igreja
Que todos os homens conheçam o poder maravilhoso do Senhor Jesus.A paz que ele nos traz abre nosso coração pra o amor supremo.