A formação e educação dos filhos é papel primordial dos pais.
Stéfani e Marcelo Fröhlich – Ao longo das últimas semanas, ficamos refletindo sobre a importância do adulto na vida do ser humano. Após algumas noites mal dormidas em função de otites e bronquiolites, decorrentes de um inverno com intensas oscilações de temperatura, nosso filho mais novo nos fez reforçar o que muito ponderamos como educadores, quando acompanhamos a presença ou ausência do pai e da mãe na vida de uma criança. Estar presente implica em não escolher as condições, em não optar em quando se fazer presente e muito menos em delegar a tarefa a terceiros. Pe. José Kentenich, em sua saudação à Família de Schoenstatt, no dia 16 de julho de 1967, alerta para duas tarefas fundamentais: o acompanhamento do crescimento dos filhos e a valorização da vida matrimonial e familiar.
Educação não se transfere e nem se terceiriza
Vivemos em tempos de transferência da educação dos filhos a espaços externos à família, especialmente ao Estado. De um modo geral, há uma demanda por garantia de novos espaços ofertados pelos poderes públicos para atendimento das crianças, como escolas de educação infantil, decorrente de um contexto de inserção tanto do pai quanto da mãe no mercado do trabalho. Dada essa ausência dos pais em boa parte do tempo de seus filhos, gradativamente as instituições do Estado passaram a ser a alternativa para a educação das crianças, sendo que professoras e professores vivem a maior parte do tempo com os filhos de nossas famílias. É uma necessidade que exige uma atenção redobrada quando todos os membros da família estão juntos.
As circunstâncias atuais não podem eximir o pai e a mãe de sua tarefa de educadores, uma vez que as escolas, de um modo geral, já não asseguram mais a educação religiosa de nossas crianças, além de reconhecer que a participação dos pais na vida das crianças é insubstituível, por mais qualificada que seja a atuação do profissional da educação. É no seio da família que o cultivo dos valores cristãos precisa ser vivenciado, por meio de uma entrega incondicional dos pais. Brincar com os filhos, rezar em família e promover uma atmosfera de amor, apresentar referências de limites e acompanhar a rotina dos filhos são tarefas necessárias, por mais que situações do dia a dia nos convidem a nos eximir dessa função altamente exigente, persistente, amorosa e intensa.
A importância do matrimônio
A vivência do amor paterno e materno encontra solidez na valorização da relação matrimonial e familiar. O fortalecimento dos vínculos conjugais, através de uma relação alicerçada no diálogo constante, na demonstração de afeto e na reconquista permanente do primeiro amor, é a garantia de uma união conjugal voltada para doar amor, para a entrega constante e inabalável por aqueles que são presença de Deus na vida de cada pai e de cada mãe: os filhos. Pe. Kentenich fala sobre uma educação que gera a vida. Essa educação pressupõe reconhecer o filho no centro da família; pai e mãe devem voltar-se para o filho. Somos, portanto, convidados a reatualizar a Família de Nazaré nos dias de hoje.
Promover vínculos perenes
A situação exige de nós uma atenção e uma mobilização em torno do fortalecimento da família como célula essencial e insubstituível, inabalável perante as circunstâncias desafiadoras de uma sociedade cada vez mais líquida. O que combate essa liquidez é a promoção de vínculos perenes e seguros, motivados pelo amor e pela certeza de que os servos de Maria jamais perecerão, independente do tempo e das circunstâncias. Para que sejamos uma família é necessário reconhecer com gratidão e alegria que somos chamados a uma tarefa única – educar nossos filhos – e que, para tanto, fomos presenteados um para outro para que nos completemos e juntos assumamos essa missão. O fundador de Schoenstatt completa esse raciocínio quando afirma que “necessitamos de educadores educados. Eu mesmo devo ser educado. Eu mesmo tenho de valorizar aquilo que pretendo transmitir aos filhos”.
Esse panorama nos faz refletir sobre a importância de que a pessoa deve entregar-se inteiramente pela outra desinteressadamente, sem esperar em troca. Essa perspectiva nos oferece a possibilidade de vivenciar o amor na sua essência, ser inteiro pelo outro, sair de si e reconhecer-se presença de Deus na vida do esposo, da esposa e dos filhos. Transcende teorias, reside na vivência cotidiana, na valorização das relações familiares, na doação total de uns pelos outros, em tempo integral, inclusive durante a madrugada, enquanto nossos filhos sinalizam fragilidade e uma dependência total. Mas também, nas outras fases da vida, quando aparentemente nossos filhos já são mais independentes, mas nem por isso menos necessitados da presença do pai e da mãe.
Em 2017, devemos nos perguntar: que presente quero dar? Inspirados nas palavras do Fundador registradas na obra “Família serviço à vida”, respondamos que queremos novamente formar famílias autênticas, colocando o filho novamente na posição central, reconhecendo-o como aplicação do Capital de Graças, como aplicação do capital dos pais.
Fonte: Revista Tabor