“Como instrumento, inteiramente ao teu dispor, alegre consagro minha vida à missão de Schoenstatt” (Rumo ao Céu, 184)
Karen Bueno – Há 50 anos ela recebeu um vestido novo e, com ele, uma missão especial de ser imagem de Maria no mundo. Ir. Sonia Maria Blanco deixou a faculdade – uma decisão pessoal difícil – e ingressou no postulado das Irmãs de Maria de Schoenstatt em 1970. No dia 6 de setembro aconteceu a Vestição (a cerimônia na qual se recebe a veste de Irmã de Maria) e o início oficial do noviciado. “Quando eu fui contar para a minha mãe, já tinha todos os papéis preparados para entrar no postulado. Fiz uma novena, me preparando para essa conversa e pela minha decisão final. Quando contei, ela falou assim: ‘Eu e seu pai rezamos toda noite por sua decisão e por seu futuro’”.
A lembrança dessa história, quando revivida, ainda a emociona. Ela vem junto com o sorriso e a certeza de uma decisão muito bem tomada: “Algumas passagens no evangelho falam sobre o chamado. Não existe um chamado geral, ele é pessoal e o ouvimos numa hora certa. Se eu não tivesse me decidido naquela hora, talvez fosse muito mais difícil. Quando Deus chama a gente tem que ir”, diz ela com convicção.
A história da Ir. Sônia Maria é semelhante – e ao mesmo tempo única – à de tantas outras pessoas que descobriram, na vocação consagrada, um caminho de alegria e de entrega à Deus, a serviço da Igreja, pelo Movimento Apostólico de Schoenstatt.
Para ela, o mais bonito de se contemplar, nesses 50 anos de consagração, é a vida comunitária: “A gente recebe muito dos outros e também se doa muito”. Mas a vida comunitária, vivida pelas Irmãs de Maria de Schoenstatt, não é a única forma de consagração existente em Schoenstatt. A Obra abrange diversos modelos de vida consagrada, para homens, mulheres e famílias, nos Institutos e nas Uniões.
Ele me chamou pelo nome
“A Vida Consagrada é bela!”, diz Roberta Queli Santi, recordando as palavras do Papa Francisco, “ela é um dos tesouros mais preciosos da Igreja”.
Roberta é de Araraquara/SP e pertence à União Apostólica Feminina de Schoenstatt – outra comunidade de vida consagrada da Obra de Schoenstatt. As mulheres da União são solteiras e não moram em comunidade, cada uma vive a consagração dentro da sua realidade pessoal.
“‘Ninguém pode receber alguma coisa se essa não lhe for dada do céu’ (Jo 3, 27). O presente de pertencer à minha comunidade eu recebi há dez anos, com a consagração de Ingresso, comemorada no último dia 13 de janeiro. Minha caminhada iniciou em janeiro de 2006, porém, desde 2003 eu participava dos encontros como pré-candidata, até formarmos um curso”.
2020 é um ano especial para ela e para todas as Unionistas, pois a comunidade completa 100 anos. “A beleza da minha vida consagrada, como Unionista, é a certeza de que Deus me chamou pelo nome e me diz: ‘És minha!’. Meu ‘sim’ para sempre ao chamado se fecunda a cada dia na magnanimidade e liberdade para a Igreja. Essa escolha me faz feliz, pois sempre quis fazer uma troca de corações com meu amado, meu esposo, e, a partir dessa troca e impulsionada pelo Espírito Santo, deixo-me moldar como uma pequena Maria orante, nobre, singela e materialmente serviçal”.
E os homens, onde estão?
Sim, eles também têm um lugar muito especial dentre as comunidades de vida consagrada em Schoenstatt. Os homens, no Movimento, vivem a missão do “Puer et Pater” (Filho e Pai), ou seja, ser filho diante de Deus e pai (guia) diante dos homens.
O testemunho dos homens consagrados inspirou Gabriel Figueiredo de Faria, 23 anos, a começar uma nova trajetória. Ele é hoje postulante dos Irmãos de Maria de Schoenstatt.
“Eu conheço o Movimento há quase dez anos e, desde que ingressei no Jumas, sempre senti que poderia me entregar muito mais pela Obra. Cada vez mais eu sentia um chamado no peito e fiz um ano de acompanhamento vocacional com os padres, porém, eu vi que não era minha vocação. Mesmo assim, sentia um forte chamado ardendo no peito. Iniciei a faculdade e me apaixonei por minha profissão: dentista. Percebi que atender e trabalhar é a minha verdadeira vocação; senti a alegria da Aliança de Amor ao atender os pacientes e, por conta disso, queria dar minha vida profissional à Mãe e à Obra. Percebi que isso tudo era um sinal para ingressar na comunidade dos Irmãos de Maria, pois é exatamente tudo o que busquei: vou poder trabalhar, viver minha vocação profissional e também me entregar para a Obra de Schoenstatt”.
Pobreza, obediência e castidade
O que distingue os consagrados de todas as demais pessoas é o compromisso de viver os conselhos evangélicos da pobreza, da obediência e da castidade. Cada um à sua maneira – casais, homens e mulheres – dão um novo colorido a vida da Igreja com essa aspiração.
“A vida consagrada nasce e renasce do encontro com Jesus assim como é: pobre, casto e obediente. […] Enquanto a vida do mundo procura acumular, a vida consagrada deixa as riquezas que passam, para abraçar Aquele que permanece. A vida do mundo corre atrás dos prazeres e ambições pessoais, a vida consagrada deixa o afeto livre de qualquer propriedade para amar plenamente a Deus e aos outros. A vida do mundo aposta em poder fazer o que se quer, a vida consagrada escolhe a obediência humilde como liberdade maior”, diz o Papa Francisco [1].
Neste Dia Mundial da Vida Consagrada, rezemos por todos os consagrados, para que sejam luz em meio ao mundo. Rezemos pelas vocações, para que mais corações sintam arder o chamado do Senhor. Rezemos por Schoenstatt, pela fidelidade de todos os que um dia deram um “sim” e permanecem alegres e confiantes na vivência da Aliança de Amor.
“Recebam a bênção de Deus e, com ela, felicidade e salvação, os que se consagraram inteiramente a Schoenstatt, aqui e na eternidade. Amém”. (Rumo ao Céu, 385)
[1] Papa Francisco, homilia, Festa da Apresentação do Senhor no templo, XXII Dia Mundial da Vida Consagrada, 2 de fevereiro de 2018