Por que se exercitar é essencial na pandemia?

 

“É um erro, para não chamar de heresia, traçar uma linha divisória entre piedade e esportes, piedade e vida social, piedade e vida profissional, piedade e serviços domésticos… […] A vinculação profética às coisas é uma das exigências mais importantes para o santo moderno que vive no mundo” (Pe. José Kentenich) [1]

Anaisa Cortez Verceze Carvalho – A pratica de exercício físico regular tem grande influência na saúde e bem-estar das pessoas, isso não é novidade alguma, mas você sabe exatamente o porquê a atividade física nos faz bem?

Ao realizar os movimentos corporais, aumenta-se a demanda de oxigênio para o organismo transformar a glicose (açúcar) e os ácidos graxos livres (encontrados na estrutura da gordura) em energia para os músculos.

No entanto, quanto mais intensa a contração muscular, maior será o grau de transporte, distribuição e captação de oxigênio pela célula. É por isso que a atividade física, desde que seja realizada regularmente e na dose ideal, é o melhor remédio para a saúde. A partir dela, aumentamos a nutrição celular pelo aumento da capacidade aeróbia que gerencia o metabolismo e, consequentemente, todo nosso corpo.

Durante o exercício físico aeróbio (caminhadas, corridas, nado, ciclismo) o fluxo do sangue aumenta cerca de 5 vezes mais que no repouso. Evidentemente, quanto maior for a intensidade/velocidade e duração dos movimentos corporais contínuos, maior será o gasto energético.

Outro ponto importante do exercício físico são as modificações hormonais que acontecem advindas da prática. O hormônio de crescimento (GH) promove a lipólise (quebra da gordura), dessa maneira, ao realizar exercícios regularmente, aumenta sua taxa de secreção, contribuindo para diminuição da obesidade, as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) são capazes de aumentar a taxa metabólica, há o aumento do glucagon que faz a captação da glicose e diminuição da insulina circulante, prevenindo a Diabetes. Alguns estudos sugerem a liberação da leptina, relacionada à regulação da saciedade, taxa metabólica e massa corporal e, por fim, a famosa endorfina, que é um tipo de opióide liberado durante o exercício. Elas estão relacionadas à maior tolerância à dor, ao controle do apetite, à redução da ansiedade, da raiva e da tensão.

Como fisioterapeuta, por conta do contexto atual da pandemia do coronavírus, observamos uma mudança de estilo de vida nas diversas etapas de vida, seja pelas restrições em manter o distanciamento social, na permanência prolongada à frente do computador (em sua maioria mal posicionado), seja pelo medo de sair de casa para realizar exercício, correndo o risco de ser contaminado.

Dentro dessa realidade, eleva-se os níveis de cortisol (hormônio do estresse) responsável por inibir muitas funções críticas do nosso sistema imune.

Dessa maneira, a informação que nos brilha os olhos é que o exercício gera grande impacto no funcionamento do sistema imunológico. Exercícios moderados a intensos, feitos regularmente, têm mostrado melhora da resposta imunológica à vacinação, diminuição do estado inflamatório crônico e melhora dos diversos marcadores imunológicos de doenças como câncer, HIV, doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.

Para a escolha do exercício precisa levar em conta alguns fatores: às necessidades pessoais (indicações e contraindicações), o objetivo (emagrecimento, melhora da postura, melhora da função cardiopulmonar, aumentar a força, melhora de dores) e o quanto a atividade se torna prazerosa.

O comprometimento de colocar o exercício físico como prioridade em sua semana é fundamental, pois ao cuidar da sua saúde também está cuidando do seu maior bem, sua família.

Como diz o Papa Francisco, “a prática esportiva nos ajuda a dar o melhor de nós mesmos, a descobrir sem medo os nossos limites e a lutar para melhorar todos os dias. Deste modo «cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo»”.[2]

 

Fontes:
– Conseqüências do exercício para o metabolismo da glutamina e função imune. Jair Rodrigues Garcia Júnior e colaboradores, 2000.
– Atividade física e qualidade de vida. Rodrigo Sinnott Silva e colaboradores, 2007.
– O exercício físico: um fator importante para a saúde – FÉDÉRATION INTERNATIONALE DE MÉDECINE SPORTIVE.

[1] Santidade de Todos os Dias. Da vinculação ao trabalho. 1. Vinculação profética às coisas

[2] Carta do Papa Francisco ao Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida por ocasião da publicação do documento «dar o melhor de si mesmo». 1 de junho de 2018. https://www.vatican.va/content/francesco/pt/letters/2018/documents/papa-francesco_20180601_lettera-card-farrell.html