A paternidade divina de Deus, a paternidade de Cristo e a vivência de nosso Pai e Fundador
Lucidio Araujo – Agosto é um mês de tantos gostos e tantos valores a celebrar. Particularmente, agosto nos traz o sabor da celebração do Dia dos Pais.
De fato, não há melhor maneira de falar de pai sem falar em paternidade. Há muitos exemplos que a vida nos oferece, que são de uma riqueza imensa. Como cristão e vivendo o carisma de Schoenstatt, pensei em três, particularmente: em Jesus, na parábola do Pai Misericordioso e no nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich.
Na parábola do livro de Lucas (15, 11-32), a paternidade é exercida com tamanha carga de amor que consegue desarmar o filho perdido em seu retorno. O pai corre, abraça-o, põe um anel em seu dedo e sandálias nos pés descalços. Restitui-lhe a dignidade de filho e chora de alegria ao abraçá-lo. E lhe prepara uma festa. O pai precisa externar toda a sua alegria pelo reencontro e por poder voltar a zelar pelo filho. Agora, não é mais preciso se confrontar com a tristeza da saudade e da incerteza.
Maravilhosa demonstração de amor e de perdão. Com quem o filho andou? Por onde andou? Com quem ou o que gastou seus bens? Nada disso importa. Importante é que o filho voltou! O que estava perdido foi encontrado!
Pai e Fundador
Na história de Schoenstatt o exemplo de paternidade exercida pelo Pe. Kentenich é mais um testemunho precioso da bondade paterna de Deus Pai.
Pela Lei das Causas Segundas [1], Deus nos presenteou com a vida do Pe. Kentenich. Ele soube exercer uma paternidade firme e heroica a todos os filhos da Família de Schoenstatt. O Pai e Fundador recebeu de Deus a missão de falar de forma clara aos filhos de sua época, o que o transformou, de certa maneira, em um dos pais destes novos tempos da história.
Uma vez lhe perguntaram como ele poderia se definir, com uma só palavra. A resposta foi imediata: PAI! De fato, a história de sua vida mostra ao mundo o extraordinário crescimento de uma paternidade amadurecida por tamanho amor aos seus filhos, que o fez se submeter aos extremos sacrifícios de um campo de concentração e de um prolongado exílio.
Via-se sempre como uma criança nas mãos de Deus, numa patente aceitação da missão que lhe fora confiada.
O Pai e Fundador se fez uma ponte entre Deus e a humanidade. De Deus recebe toda a riqueza da vida para transmiti-la, paternalmente, aos homens.
“Eu e o Pai somos um”
Por fim, para enriquecer ainda mais o tema de paternidade, melhor falar do exemplo que Jesus nos deixou. Mas, não há como falar de paternidade sem que se considere a filialidade.
Dentro desta ótica, Jesus ensina a humanidade com sua prática exemplar de Filho Amado do Pai. É emocionante a sua integral identificação com Deus Pai, a ponto de responder àqueles que lhe pediam para conhecer o Pai: “Quem me vê, vê o Pai, porque Eu e o Pai somos um”.
E que dizer da sua entrega filial, no seu momento de cruz, quando faz sua entrega total: “Pai, em tuas mão entrego o meu espírito”?!
E que dizer do seu espírito paternal e do extremado amor àqueles que se sentiriam órfãos com a sua partida: “Filho, eis aí a tua mãe”?!
“Sabem como é um filho de Deus Pai? Não é um filho fraco, mas bem forte, que, com seu pensamento, seu coração, sempre gira em torno do que é o mais importante: em torno do Pai. Mais: não podemos dizer que um filho de Deus Pai é o filho de um único grande amor? E como é esse grande amor? Esse único grande amor se chama: Pai, Pai, Pai. Em todas as situações: Pai, Pai, Pai” (Pe. José Kentenich) [2]
[1] A expressão “causa segunda” é tomada, pelo Pe. José Kentenich, do vocabulário de Aristóteles e de Santo Tomás de Aquino. Por “causas segundas” se entendem as criaturas enquanto dependentes instrumentalmente de Deus: Ele é a “Causa Primeira” ou origem de tudo. Existem as causas segundas “livres” (o homem) e causas segundas inanimadas (o resto da criação material).
[2] Pe José Kentenich, em: Conferências para Casais em Milwaukee, EUA, 9 e 23 de julho de 1956. Cristo Minha Vida.