Ideal Pessoal: “Cristo é minha paixão”
Data de Nascimento: 28/02/1915
Data de Falecimento: 12/08/1945
Pe. Carlos Leisner é o primeiro membro do Movimento de Schoenstatt a ser beatificado. Ele nasce em 28 de fevereiro de 1915, em Rees/Alemanha. Vai para Schoenstatt, pela primeira vez, em 1933, onde inicia seus estudos de Teologia no Seminário de Münster, no ano de 1934. Carlos Leisner torna-se, nessa época, dirigente da Juventude Masculina de Schoenstatt na Diocese de Münster e deseja ser sacerdote.
Uma liderança que representa perigo
Carlos Leisner é uma liderança forte entre os jovens. Sua personalidade livre e autêntica incomoda o governo nazista, que o vê como um empecilho na difusão de suas ideologias entre a juventude. Ele vive e propaga a pedagogia de Schoenstatt, que prega a liberdade interior e o crescimento orgânico, o que vai contra as propostas de Hitler – os nazistas buscam formar homens-massa, que não pensam por si próprios.
Por ser essa liderança marcante que desafia o governo, em 1939 é obrigado a servir no exército de Hitler. É nessa época que contrai tuberculose e os maus tratos e péssimas condições de serviço agravam a situação.
Uma ordenação única na história
Mesmo doente, Leisner é enviado ao campo de concentração de Dachau – o mesmo que o Pe. Kentenich ficou preso – e lá convive com outros sacerdotes schoenstattianos, seguindo com a vida de Aliança de Amor.
Já com a saúde bastante debilitada, tem seu grande desejo atendido em 17 de dezembro de 1944, quando é ordenado sacerdote em Dachau. O jornalista francês Guillaume Zeller, que pesquisou a vida dos padres neste campo de concentração, afirma que “em Dachau teve lugar a primeira – e única na história da Igreja – ordenação sacerdotal clandestina de um seminarista a ponto de morrer”. Ele se refere ao Pe. Leisner, que recebeu o sacramento da Ordem dentro de uma barraca colocada como capela, pelas mãos do Bispo de Clermont-Ferrand/França, Dom Gabriel Piguet, e também com a presença do Pai e Fundador de Schoenstatt. Logo após o Natal, no dia 26 de dezembro, Pe. Leisner celebra sua primeira e única Santa Missa.
Fidelidade comprovada
No começo de 1945, o sacerdote de Schoenstatt já não tem mais condições físicas de sobreviver no campo de concentração. Por isso, é libertado no dia 4 de maio – os nazistas têm medo que ele morra na prisão e seja proclamado herói pela juventude.
Pe. Leisner passa suas últimas semanas no Hospital de Planegg, em Munique, e já não tem condições de recuperar a saúde. O espírito de sacrifício e amor a Cristo é vivido em todas essas etapas de sofrimento que experimentou, até o último dia de sua vida terrena, 12 de agosto de 1945. A última frase de seu diário expressa a magnanimidade de sua alma: “Abençoai, oh Senhor, também os meus inimigos!”
Reconhecido pela Igreja
Em 23 de junho de 1996, com o Estádio Olímpico de Berlim lotado, o então Papa João Paulo II beatifica Pe. Carlos Leisner. Na ocasião, o Santo Padre retoma a vida do herói de Schoenstatt:
“‘Cristo, tu me chamas, eu digo, humilde e decidido: Eis-me aqui, envia-me’, escreve Carlos Leisner no início de seus estudos teológicos. Pressentindo, desde o início, o caráter anticristão do partido, então, no poder, ele sentiu-se chamado para ensinar aos homens, através do serviço sacerdotal tão desejado, o caminho de Deus. […] Antes de ser preso em Dachau, ele se tornou o apóstolo de uma profunda devoção a Maria, à qual foi estimulada pelo Pe. Kentenich e o Movimento de Schoenstatt”.
Leisner é apontado pelo Papa como um exemplo de amor e contato pessoal com Cristo. Assim afirmou São João Paulo II:
“Cristo é a Vida: esta era a convicção para a qual Carlos Leisner viveu e para a qual ele finalmente morreu. Ao longo de sua vida, ele procurou a proximidade com Cristo na oração, leitura diária da Bíblia e meditação. Finalmente encontrou essa proximidade de modo particular no encontro eucarístico com o Senhor. O Sacrifício eucarístico, que Carlos Leisner pôde celebrar depois de sua ordenação sacerdotal no campo de concentração de Dachau, não foi para ele apenas um encontro com o Senhor e com a fonte da força de sua vida. Carlos Leisner sabia, antes, que aquele que vive com Cristo, entra com o Senhor numa comunhão de destinos ”.
Também o Papa Bento XVI, em visita à Alemanha no dia 22 de setembro de 2011, celebrou uma Santa Missa no Estádio Olímpico de Berlim. Logo no início da homilia recordou o Pe. Carlos Leisner: “Pensando nestes Beatos (Bernhard Lichtenberg e Karl Leisner) e em toda a série dos Santos e Beatos, podemos compreender o que significa viver como ramos da videira verdadeira, que é Cristo, e dar muito fruto ”.
A frase do Pe. José Kentenich “Mater habebit curam”, que marcou a vida de Pe. Carlos Leisner revelando sua confiança na Mãe de Deus, é dita durante sua beatificação. Com essas palavras, São João Paulo II envia a todos os presentes na cerimônia:
“‘Mater habebit curam’, a Mãe celeste vai cuidar! Com estas palavras de alegre esperança de Carlos Leisner, confio-vos à intercessão de Maria, que, como primeira cristã, disse sim à vontade de Deus ”.
Pe. Carlos Leisner é uma personalidade forte, que marca a história de Schoenstatt e segue como modelo para todos os irmãos na Aliança de Amor. Seu exemplo de amor a Cristo e à Maria encontra eco nos corações, já que foi grande influência para uma geração e continua a influenciar os que conhecem sua história, intercedendo por todos lá do céu. Como beato é invocado, especialmente, por aqueles que são perseguidos por causa de sua fé.
Seus restos mortais repousam numa cripta na cidade de Xanten/Alemanha.